segunda-feira, 23 de junho de 2008

Goiânia: Casal Iris e a construção de uma cidade de fachada


A deputada federal goiana Iris Aráujo angariou recursos, via emenda parlamentar, para a construção de seu teto de vidro. Na verdade, o projeto se chama Casa Vidro. Trata-se de uma casa de cultura com teto em forma de cúpula, feita em vidro, a ser construída nas proximidades do Shopping Flamboyant. A deputada diz querer que a obra seja referência no paisagismo urbano na cidade e sirva para facilitar o acesso da população à cultura. Tudo isso cheira a balela.

Construir obras ostentosas de destaque visual, como a tal casa de vidro, servem para associar construções ao nome do político que as idealizam e realizam. Iris Araújo parece se inspirar no marido Iris Rezende, ávido por construir “cartões postais” na capital, vide parques ecológicos. Assim como o marido, ela parece viver a síndrome do cartão postal. Os problemas da cidade não são estéticos e sim estruturais, só o casal Iris não vê.

O projeto da deputada, que só de verba parlamentar vai consumir R$ 3 milhões, não é dos mais necessários. Como centro cultural, a construção tende a ser um desperdício. Além do mais a soma não cobre os custos da obra, que ainda terá espelho d’água e uma fonte. É bem provável que aí entrem recursos municipais, com o aval do marido prefeito.

Goiânia já tem opções para realização de eventos culturais. O que falta são ações para ocupá-los com atrações e iniciativas para levar mais público a eles. Não é preciso construir mais pontos voltados à cultura. Um exemplo disso, que vem da própria gestão irista, é o Centro Cultural Goiânia Ouro, que foi reformulado e vem sendo utilizado e administrado de maneira eficiente. Goiânia não precisa de mais elefantes brancos, a exemplo do Centro Cultural Oscar Niemeyer, inaugurado prematuramente de maneira ultra-eleitoreira por Marconi Perillo.

Seria muito mais fácil e possivelmente menos oneroso que se ocupassem outros prédios da cidade com atividades culturais, como vem sendo feito aos poucos no Centro, que carece de revitalização. A deputada Iris sofre de evidente narcisismo. Não bastassem as cirurgias plásticas que gritam em seu rosto, agora ela quer ter um “cartão postal” pra chamar de seu.

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