Notas de sábado

Maluf, o retorno
E depois ainda perguntam por que parte (boa parte) da população é desmotivada com a política. Os caciques que causaram estragos sempre voltam. Em São Paulo, o PP (Partido Progressista) está todo prosa com a candidatura do então deputado federal Maluf. E não estranhe se ele for eleito ou, ao menos, passar perto disso. Só pra completar a farra, Marta está no páreo. Só falta o Pitta voltar às urnas paulistanas.

Blog Power
É evidente. Está explícito. Não dá mais pra duvidar da força dos blogs. Não importa os temas aos quais são voltados. A quantidade de pessoas que se informa ou apenas se diverte neles é fiel e crescente. Exemplo é um fato ocorrido na última quinta-feira. O blog Te Dou Um Dado? postou um texto em referência a uma notícia envolvendo compra de maconha pelo ator Marcelo Antony, com o devido link da notícia, datada de 2004, da Folha Online. No dia seguinte, a notícia, de quatro anos atrás, estava entre as cinco mais lidas do site.

Menos dependência
O caderno DM Revista, do diário da Manhã, resolveu não depender de agências de notícias para noticiar os acontecimentos da São Paulo Fashion Week. A solução foi enviar a repórter Millena Lopes para a cobertura do evento. O melhor da história é uma espécie coluna no estilo “diário de bordo” que ela tem escrito diariamente.

Passados que condenam
Wagner Moura esteve no Programa do Jô, na última quinta-feira, dizendo de sua empreitada como colunista social de TV (a la Amaury Junior) e como animador de festas infantis, no início de sua carreira, ainda na Bahia. O ator resolveu entregar o mico artístico de seu amigo Lázaro Ramos, falando de sua participação no longa Cinderela Baiana, produção escrota estrelada por ninguém menos que Carla Perez.

A dançarina da TV e o prêmio da ONU
Não é piada. É sério. A dançarina do Caldeirão do Huck, Clarice Zeitel foi à Paris receber prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por uma redação sobre “Como vencer a pobreza e a desigualdade”. O texto escrito por ela disputou com outros 50 mil. A moça, que estuda Direito, concorreu com universitários de vários países. É no mínimo curioso uma pessoa que se propõe à exposição de rebolar em um programa de TV, como ela, se destacar em atividades intelectuais. Nem tudo é estereótipo!

Mais corrupção: Estão fazendo mal ao filho de Dilminha

Não demorou tanto assim. Já foram apuradas irregularidades e trambiques envolvendo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ele mesmo, o filho de Dilma Roussef e menino dos olhos do Presidente, que é uma espécie de padrinho do menino.

Cerca de mil policiais da Polícia Federal estão no encalço de envolvidos no suposto desvio de cerca de R$ 700 milhões destinados à obras do PAC. As investigações vão abarcar sete estados, além do Distrito Federal. E, como não poderia deixar de ser, Goiás está entre eles.

Grande parte do dinheiro que, provavelmente, foi desviado seria destinado à construção de casas populares e redes de esgoto. Como as verbas do projeto são repassadas aos governos estaduais e municipais, muita gente pode estar envolvida no caso, deflagrado a partir de denúncias. E aí se incluem políticos e empresários responsáveis pelas obras.

A mãe do PAC ainda não se pronunciou, mas em breve deve tomar algum posicionamento em defesa de sua cria, como leoa que é. Já Lula parece estar mais preocupado com o mal desempenho da Seleção Brasileira.

Ilusão nacional: Mensalão não existiu

Não poderia passar em branco a fabulosa (no sentido de fábula mesmo) declaração de José Dirceu, que foi ao ar no último programa CQC, na Band. O inelegível (até 2015) político respondeu à pergunta descontraída sobre o famigerado episódio do mensalão: “Aquilo não existiu”. Como assim? Fomos todos enganados? Será que boa parte da população estava sobre efeito de entorpecentes durante os últimos três anos?

Diante de tamanha confiabilidade que José Dirceu transmite em sua fala fica a dúvida de termos vivido uma grande ilusão. Portanto cuidado ao dizer por aí que o mensalão existiu. Você pode ter caído numa grande pegadinha nacional. Diante disso fica fácil entender a tranqüilidade de Lula sobre o episódio. Disso ele sabia, por isso agiu com calma, pois não vale à pena se precipitar por algo que não aconteceu.

Quem não sai bem nesse grande equívoco é Roberto Jefferson, mais conhecido por Bob Jef, afinal nosso anjo caído da Câmara de Deputados acendeu o estopim de toda essa fábula. Tomara que alguns anos de tratamento psicológico o ajudem a se recuperar.

Agora fica a dúvida: O que mais será que não existiu? É bem possível que várias outras CPIs sobre escândalos políticos não passem de alucinação coletiva.

Rolling Stone: Capa de dois gumes

Você certamente já ouviu a máxima “Não se compra um livro pela capa”. Será? Há certa razão para isso, em partes. Talvez a regra não se aplique a revistas. O que desperta a curiosidade e vontade de levar pra casa é a capa. E é sabendo disso que se valem os editores.

A revista Rolling Stone desse mês apostou fichas altas na capa. Colocaram os integrantes do NX Zero pelados na capa, sem mostrar a região pubiana, em foto fortemente inspirada em uma feita pela adição norte-americana com a banda Blind Melon. A escolha causa dois efeitos totalmente distintos: atrai ou repugna compradores, sobretudo os esporádicos.

A referida revista é a minha preferida há algum tempo. Fui à banca no intuito de comprá-la, mas não consegui. Não só pelo NX Zero estar na capa (e pelados). Não dá orgulho desfilar com uma revista na rua com tal capa. Não é preconceito e sim conceito formado. Já sei o que preciso sobre a banda e não faz sentido comprar a Rolling Stone pra ter de seis a oito páginas, tamanho que costumam ter as matérias de capa, com a banda (bandinha, diga-se). O restante do conteúdo anunciado não era dos mais atrativos, tirando algo sobre o Zé Ramalho.

O auto-exemplo só ilustra o poder que tem a capa de um produto impresso. O que pode ser uma aposta certa, pode se transformar em um tiro pela culatra para parte do público que geralmente se atinge. Isso não faz a revista ruim para sempre. No próximo mês tudo deve voltar ao normal.

Sugestão de disco: Filomedusa

A sugestão de hoje não trata necessariamente de um disco e sim de um EP virtual, com 5 músicas. A Filomedusa foi a minha melhor descoberta musical do ano. Eles tocaram aqui em Goiânia na última edição do festival TacabocanoCD e deixou muita gente de queixo caído.

A banda acreana, mostra que há artistas de alto nível na região amazônica. A vocalista Carol é do tipo que preenche o palco como ninguém com talento vocal e uma presença cênica ótima. O restante da banda mostra igual competência e criatividade.

A sonoridade faz lembrar artistas dos grandes festivais (décadas de 60 e 70), apesar de não serem tão retrôs. Os arranjos de guitarra são envolventes, sem grandes frescuras e a banda se encaixa muito bem, sobretudo no palco. Das músicas gravadas até então, os destaques são O Que Eu Sou, Morte Em Vida e Your Colou Dream.

Ouça e/ou baixe aqui - Filomedusa